Cirurgia de Epilepsia: Quando é Indicada e Quais Benefícios Pode Trazer

A epilepsia é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por crises recorrentes causadas por descargas elétricas anormais no cérebro. Embora muitas pessoas consigam controlar os sintomas com medicamentos, há casos em que as crises persistem, mesmo após o uso de diferentes fármacos. Nesses casos, a cirurgia de epilepsia pode ser uma alternativa eficaz e, muitas vezes, transformadora.
Neste artigo, você vai entender quando a cirurgia é indicada, quais os principais tipos de procedimento, como é o processo de avaliação e quais são os benefícios reais para os pacientes.
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Quando a cirurgia de epilepsia é necessária

A cirurgia de epilepsia é indicada principalmente para pessoas com epilepsia refratária, ou seja, quando as crises não são controladas por medicamentos anticonvulsivantes. Normalmente, considera-se refratária a epilepsia que permanece ativa após o uso de pelo menos dois medicamentos adequados, em doses corretas e sob acompanhamento médico.
O objetivo principal da cirurgia é reduzir ou eliminar as crises epilépticas, permitindo que o paciente recupere qualidade de vida, autonomia e segurança nas atividades diárias.
Situações em que o tratamento cirúrgico pode ser considerado
- Crises epilépticas frequentes que afetam o desempenho no trabalho, nos estudos ou na vida social.
- Efeitos colaterais severos dos medicamentos que comprometem o bem-estar.
- Foco epiléptico localizado (ou seja, quando é possível identificar exatamente a área do cérebro onde as crises se iniciam).
- Casos em que exames de imagem e monitoramento indicam possibilidade de ressecção segura.
Avaliação antes da cirurgia
Antes de qualquer intervenção, o paciente passa por uma avaliação detalhada feita por uma equipe multidisciplinar, que inclui neurologistas, neurocirurgiões, neuropsicólogos e especialistas em imagem cerebral.
Os principais exames realizados são:
- Ressonância magnética de alta resolução (MRI): identifica possíveis lesões cerebrais ou áreas anormais.
- Eletroencefalograma (EEG) de longa duração ou vídeo-EEG: registra as crises em tempo real para localizar a origem.
- Tomografia por emissão de pósitrons (PET) e SPECT: mostram a atividade metabólica do cérebro.
- Avaliação neuropsicológica: analisa funções cognitivas, como memória, linguagem e raciocínio, para prever possíveis impactos.
O objetivo é confirmar o local exato do foco epiléptico e verificar se ele pode ser removido sem prejudicar funções cerebrais essenciais.
Tipos de cirurgia de epilepsia

A cirurgia de epilepsia não é um único procedimento — há diferentes técnicas, e a escolha depende da causa, da localização do foco e do perfil do paciente.
1. Cirurgia de ressecção
É o tipo mais comum. Consiste em remover a área cerebral onde se originam as crises.
- Exemplo: a lobectomia temporal anterior, indicada em casos de epilepsia do lobo temporal — uma das formas mais comuns e bem estudadas da doença.
- Benefício: pode proporcionar eliminação completa das crises em até 70% dos casos quando bem indicada.
2. Cirurgia desconectiva
Em vez de remover a área afetada, o cirurgião interrompe as conexões neuronais que espalham a atividade epiléptica.
- Exemplo: calosotomia do corpo caloso, geralmente usada em pacientes com crises graves que envolvem quedas súbitas.
3. Neuroestimulação
Indicado quando a remoção da área epiléptica não é possível. Dispositivos implantáveis enviam estímulos elétricos controlados para reduzir a frequência das crises.
- Tipos: estimulação do nervo vago (VNS) e estimulação cerebral profunda (DBS).
- Benefício: não elimina totalmente as crises, mas pode reduzir significativamente sua intensidade e frequência.
4. Hemisferectomia funcional
Utilizada em casos graves, geralmente em crianças, quando um hemisfério cerebral está gravemente comprometido.
- Embora seja um procedimento mais invasivo, pode proporcionar redução drástica das crises e melhora do desenvolvimento cognitivo e motor.
Benefícios da cirurgia de epilepsia
Os avanços tecnológicos e o refinamento das técnicas cirúrgicas tornam esse tratamento cada vez mais seguro e eficaz. Entre os principais benefícios estão:
1. Redução ou eliminação das crises
O maior ganho é o controle das crises epilépticas. Muitos pacientes relatam anos sem episódios após a cirurgia, o que permite retomar atividades antes impossíveis, como dirigir, estudar ou trabalhar com mais segurança.
2. Melhora da qualidade de vida
Com menos crises, há melhora no sono, na concentração e no humor, além de redução da ansiedade e do medo de ter uma crise em público.
3. Redução da dependência medicamentosa
Após a cirurgia, parte dos pacientes consegue diminuir a dose ou até suspender os anticonvulsivantes, sob orientação médica.
4. Maior autonomia e inclusão social
A epilepsia pode gerar limitações no dia a dia. Com o controle cirúrgico, a autonomia e a autoconfiança aumentam, facilitando o retorno ao convívio social, ao trabalho e às atividades de lazer.
Riscos e possíveis efeitos colaterais

Como toda cirurgia cerebral, o procedimento envolve riscos — embora cada vez menores com os recursos modernos de mapeamento cerebral e neuroimagem.
Os principais riscos incluem:
- Infecção ou sangramento, raros, mas possíveis.
- Alterações de memória, fala ou visão, dependendo da área operada.
- Recorrência das crises, em casos em que nem todo o foco epiléptico pôde ser removido.
Por isso, é fundamental realizar o procedimento em centros especializados em neurocirurgia de epilepsia, com equipe experiente e estrutura de suporte intensivo.
O pós-operatório
A recuperação varia conforme o tipo de cirurgia. Em geral:
- A internação dura de 3 a 7 dias.
- O retorno gradual às atividades ocorre em duas a quatro semanas.
- O acompanhamento neurológico é contínuo, com ajustes de medicamentos e avaliações periódicas.
O paciente também pode precisar de reabilitação neuropsicológica para readaptar funções cognitivas e reforçar o sucesso do tratamento.
Expectativas realistas e resultados a longo prazo
Estudos mostram que, em casos bem selecionados, entre 60% e 80% dos pacientes ficam livres das crises após a cirurgia. Mesmo quando a cura completa não é possível, a maioria experimenta uma redução expressiva na frequência e intensidade das crises.
Os benefícios se estendem por anos, com melhora do humor, desempenho cognitivo e socialização, tornando a cirurgia uma alternativa cada vez mais considerada pelos especialistas.
Conclusão
A cirurgia de epilepsia representa um avanço significativo na neurologia moderna, especialmente para quem convive há anos com crises sem controle. Quando indicada corretamente, oferece grandes chances de liberdade das crises e melhora substancial da qualidade de vida.
No entanto, cada caso deve ser analisado de forma individual, com avaliação completa por uma equipe multidisciplinar especializada. A decisão pela cirurgia é sempre conjunta, baseada em exames detalhados, expectativas realistas e segurança do paciente.
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A cirurgia de epilepsia é um último recurso?
Nem sempre. Ela deve ser considerada quando duas ou mais medicações adequadas falham, e não apenas como última opção.
Toda epilepsia pode ser tratada com cirurgia?
Não. A cirurgia só é possível quando o foco das crises pode ser identificado com precisão e removido com segurança.
A pessoa fica curada após a cirurgia?
Em muitos casos, sim. Em outros, há apenas redução significativa das crises, mas ainda assim com grande melhora na qualidade de vida.